quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

RELIGIÃO: UM MEIO E NÃO O FIM





A religião sempre desempenhou um importante papel no contexto social da humanidade, desde os primórdios dos tempos o homem buscou divindades para unificar as ideias dos membros de sua classe. Graças a Deus hoje não precisamos mais deste subterfúgio para nos estabelecermos como indivíduo devidamente reconhecido e aceito pela sociedade, embora muitos irmão ainda procurem essa "armadura" para interagirem e serem aceitos por determinados grupos.
O objetivo da religião, pelo prisma espiritualista, é elevar o pensamento humano a algo maior, mais duradouro, algo que justifique a existência das coisas e a condição momentânea em que nos encontramos, ou seja, ligar ou religar o homem a Deus; é admitir a existência de Deus como ser maior, mais antigo e soberano.
Atualmente graças ao espiritismo e outras doutrinas espiritualistas temos a noção de que a religiosidade é mais importante que a religião em si, que a religião é um caminho a ser percorrido para que cheguemos a um estado de maior compreensão da vida. Assim entendemos que a religião não tem mais tanta importância, porém aquilo que se interiorizou da doutrina é o que realmente conta, principalmente quando os valores adquiridos direcionam o indivíduo para o auto conhecimento e para boa conduta social.
Segue interessante parábola budista sobre a doutrina:

Um homem viajando, chega à margem de um rio muito vasto, que deveria cruzar para seguir em seu rumo. Observou que se encontrava em uma margem perigosa e insegura e que a outra margem para onde seguiria, era bem segura e tranquila. Decidiu então fazer uma jangada que pudesse conduzí-lo à outra margem seguramente e assim o fez. Ao chegar seguramente na margem oposta, pensa tal homem: " Esta jangada me foi de grande ajuda, me conduziu seguramente onde eu desejava chegar. Seria prudente agora eu carregá-la sobre minha cabeça ou às costas ao longo de minha viagem."
Ao perguntar aos seus discípulos se essa atitude seria correta, estes disseram que não; assim Siddhartha, o Buda, esclareceu que a jangada seria a doutrina e que devemos considerá-la um meio para "atravessarmos" o rio e não o fim, e que uma vez que esta "jangada" nos serviu até determinado ponto, devemos ser gratos a ela e deixá-la onde possa ser útil a outrem.


Fernando Costa



sábado, 21 de fevereiro de 2009

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

Desde o primeiro contato de Kardec com as manifestações espirituais em 1855 a elaboração de O Livro dos Espíritos lançado a 18 de abril de 1857, passaram-se dois anos de intensas pesquisas e experimentações no campo mediúnico, que com notória capacidade metodológica o codificador da doutrina conseguiu dar àquelas reuniões um caráter mais sublime e de enorme profundidade científico-filosófica.
O primeiro contato direto com os fenômenos se deu em casa da sra Plainemaison em maio de 1855, onde Kardec testemunhou pela primeira vez o fenômeno conhecido na época como "mesas girantes", reuniões em que mesas saltavam , giravam e corriam mal grado a vontate dos que estavam no local. Posteriormente durante sessões ocorridas em casa de sra. Plainemaison, Kardec conheceu a família Baudin e passou a frequentar as reuniões que tal família realizava. Os médiuns desenvolvedores dos fenômenos de psicografia indireta através de uma cesta carrapeta - objeto composto de uma cesta de palha , vazada por um lápis e que através do contato dos dedos das médiuns sobre a cesta produziam escrita em uma lousa ou folha de papel - eram as senhoritas Caroline de 16 anos e Julie de 14 anos.
Em 1856 Kardec passou a frequentar as reuniões em casa do sr. Roustan e Srta. Ruth Celine Japhet. Nessas reuniões a médium era a srta. Japhet era médium sonâmbula, qualificação da época para médiuns que uma vez expostos a um magnetizador produziam fenômenos de psicofonia e escrita indireta inconscientemente, muito parecido com o que chamaríamos hoje de médiuns de incorporação. Durante tais sessões era utilizado para escrita um cesta de bico cuja fiqura vou colar ao final deste texto.
Ao longo da elaboração de O Livro dos Espíritos tomamos conhecimento que Kardec se utilizou das srtas. Baudin, srta. Japhet e mais de dez médiuns com os quais contou com auxílio para obter respostas às questões por ele formuladas, através da comparação e fusão de todas as respostas.
Em 1857 ao dia 18 de abril foi lançado publicamente a primeira edição de O Livro dos Espíritos, na livraria da galeria D'orléans no Palais Royal em Paris, na livraria Dentu, contendo 550 questões das 1.019 atuais. Foi o início do espiritismo como doutrina codificada.


Cesta de bico




Fernando Costa

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Obras Espíritas Básicas



A doutrina espírita tem por obras básicas, ou seja, livros que o sr. Kardec elaborou a partir de entrevistas aos espíritos, cinco volumes a saber:

O Livro dos Espíritos - obra doutrinária elaborada através de perguntas aos espíritos sobre variados temas; editado em 18 de abril de 1857, em sua primeira edição com o total de 550 questões e em 1860 em sua segunda edição com o total de 1019 questões.

O Livro dos Médiuns - esta obra abrange os fenômenos mediúnicos tratando a parte experimental desta faculdade, agregada de conhecimentos científicos sobre tal prática. Foi lançado em 15 de janeiro de 1861.

O Evangelho Segundo o Espiritismo - obra de interpretação das parábolas do Sr. Jesus sob a visão espírita com a participação de diversos espíritos e comentários do sr. Kardec. Esta obra sintetiza a parte moral da doutrina espírita; foi lançada em abril de 1864.

A Justiça Divina Segundo o Espiritismo ou O céu e o Inferno - obra que expõe as questões sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual e outros assuntos concernetes à justiça divina. Lançado em 1 de agosto de 1865.

A Gênese, Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo - como o próprio título sugere esta obra abrange conhecimentos sobre a formação do planeta, explicações sobre fenômenos considerados por outros seguimentos religiosos como milagres e predições. Lançado a 6 de janeiro de 1868.

Allan Kardec lançou também uma brochura chamada "O que é o espiritismo" em 1859 e posteriormente "Revista Espírita" lançada em 1 de janeiro de 1858.

Existem alguns outros escritos do sr. Kardec publicados em diversos países, contudo não são considerados obras básicas. Devemos mencionar o livro "Obras Póstumas" lançado pela Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde encontramos muitos temas interessantes sobre a vida do codificador Allan Kardec e suas descobertas no estudo e compilação da doutrina espírita, abordagem de fenômenos naturais, abordagem sobre teorias e sistemas de crenças existentes. É uma obra que todo espírita deve estudar não dispensando menos importância que às obras básicas.

Posteriormente lançarei artigo de como foi elaborada a obra espírita, em que circunstâncias se deram as comunicações, quais os médiuns envolvidos, como o sr. Kardec se envolveu a essas pesquisas e abordarei a biografia de sua vida bastante detalhada. Aguardem.

Fernando Costa


Fontes: Obras Póstumas, Paris 1890
Canuto, Abreu. O Livro dos Espíritos e sua tradição histórica e lendária. São Paulo: Lar da Família Universal, 1992.






domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fenômenos Físicos e Tiptologia


A exemplo do que aconteceu em Hydesville, onde as pessoas buscaram uma forma de comunicação por sinais, em Paris- França em 1854 o sr. Kardec ouvira falar das mesas girantes, um fenômeno produzido a partir da ação de alguns magnetizadores (pessoas que se diziam possuir uma espécie de fluido elétrico que podiam mover objetos e causar alguns fenômenos físicos)- muito comuns naquela região e época- onde foi relatado pelo sr. Fortier (conhecido de Kardec há muito tempo) que a partir de sessões de magnetização faria com que mesas se movessem e por fim falassem. O sr. Kardec de pronto não acreditou naquilo que o sr. Fortier relatara. Somente em maio de 1855 à rua Grance-Batelière 18, numa terça-feira cujo dia do mês não foi citado, às 20:00 em casa da sra Plainameson deu-se início a sessão de magnetização e tiptologia que mudaria por completo a visão do sr. Kardec sobre aqueles fenômenos.

segue transcrição do texto onde Kardec se surpreende com os fenômenos:

"Foi aí que, pela primeira vez, presenciei os fenômenos das mesas que giravam,saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. Assisti então a alguns ensaios, muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa ardósia, com o auxílio de uma cesta. Minhas idéias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo."

Fonte: Allan Kardec, Obras Póstumas (27a ed.) , Paris-França 1890


sábado, 14 de fevereiro de 2009

Fenômenos de Hydesville

Em 11 de dezembro de 1847, a família Fox instalou-se em uma casa modesta na povoação de Hydesville, no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, distante cerca de trinta quilômetros da cidade de Rochester.
O grupo compunha-se do chefe da família, Sr. John D. Fox, da esposa Sra. Margareth Fox e de mais duas filhas: Kate, com 11 e Margareth, com 14 anos de idade. O casal possuía mais filhos e filhas. Entre estas, Leah, mais velha, que morava em Rochester, onde lecionava música. Devido aos seus casamentos, foi sucessivamente conhecida como Sra. Fish, Sra. Brown e Sra. Underhill. Leah escreveria um livro, "The Missing Link" (New York, 1885) , no qual faz referência às supostas faculdades paranormais de seus ancestrais.

Lucretia Pulver era uma jovem que servira como dama de companhia do casal Bell, quando eles tinham habitado a casa em Hydesville até 1846. Ela contou a curiosa história de um mascate que se hospedara com os Bell, referindo que, na noite que esse vendedor passaria com aquele casal, ela foi mandada dormir na casa dos pais. Três dias depois, tornaram a procurá-la, dizendo-lhe que o mascate fora embora. Ela nunca mais viu esse homem.

Depois disso, passado algum tempo, aproximadamente em 1844, começaram a registrarem-se fenômenos estranhos naquela casa. A mãe de Lucretia, Sra. Ann Pulver, que mantinha relações com a família Bell, relata que, naquele ano, certa vez quando visitara a Sra. Bell, indo fazer tricô em sua companhia, ouvira desta uma queixa. A Sra. Bell dissera-lhe que se sentia muito mal e quase não havia dormido à noite. Quando indagada sobre a causa, a Sra. Bell havia declarado que se tratava de rumores inexplicáveis; parecera-lhe ter ouvido alguém a andar de um quarto para outro; tinha acordado o marido e o feito levantar-se e trancar as janelas. A princípio, tentou afirmar à Sra. Pulver que possivelmente se tratasse de ratos. Posteriormente, confessara não saber qual a razão de tais rumores, para ela inexplicáveis.

A jovem Lucretia também testemunhou os fenômenos insólitos observados naquela casa, e os Bell terminaram por mudar-se dali.

Em 1846, instalou-se na casa a família Weekman, composta pelo Sr. Michael Weekman, a Sra. Hannah Weekman e suas filhas. Alguns dias após a mudança, passaram a ser perturbados por ruídos insólitos: batidas na porta da entrada, sem que ninguém visível o estivesse fazendo e passos de alguém andando na adega ou dentro de casa.

A família Weekman também não permaneceu muito tempo naquela casa, vindo a deixá-la em fins de 1847.

Assim, a 11 de dezembro de 1847, a referida casa passou a ser ocupada pela família Fox.

A noite das primeiras transcomunicações


A seguir transcreve-se alguns trechos do depoimento da Sra. Margareth Fox:

"Na noite de sexta-feira, 31 de março de 1848, resolvemos ir para a cama um pouco mais cedo e não nos deixamos perturbar pelos barulhos; íamos ter uma noite de repouso. Meu marido, que aqui estava em todas as ocasiões, ouviu os ruídos e ajudou a pesquisar. Naquela noite fomos cedo para a cama - apenas escurecera. Achava-me tão alquebrada e com falta de repouso que quase me sentia doente. Meu marido não tinha ido para a cama quando ouvimos o primeiro ruído naquela noite. Eu apenas me havia deitado. A coisa começou como de costume. Eu a distinguia de qualquer outro ruído jamais ouvido. As meninas, que dormiam em outra cama no quarto, ouviram as batidas e procuraram fazer ruídos semelhantes, estalando os dedos. Minha filha menor, Kate, disse, batendo palmas: 'Senhor Pé Rachado, faça o que eu faço.' Imediatamente seguiu-se o som, com o mesmo número de palmadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse, brincando: 'Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro' e bateu palmas. Então os ruídos se produziram como antes. Ela teve medo de repetir o ensaio. Então Kate disse, na simplicidade infantil: 'Oh! Mamãe! Eu já sei o que é: amanhã é 1 de abril e alguém quer nos pregar uma mentira.'
"Então pensei em fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo pausa de um para outro, a fim de separar, até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo à idade do menor, que havia morrido.
"Então perguntei: É um ser humano que me responde tão corretamente? Não houve resposta. Perguntei: É um espírito? Se for, dê duas batidas. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: Se for um espírito, produzindo um tremor na casa. Perguntei: Foi assassinado nesta casa? A resposta foi como a precedente. A pessoa que o assassinou ainda vive? Resposta idêntica, por duas batidas. Pelo mesmo processo verifiquei que fora um homem, que o assassinaram nesta casa e os seus despojos enterrados na adega; que a família era constituída de esposa e cinco filhos, dois rapazes e três meninas, todos vivos ao tempo de sua morte, mas que depois a esposa morrera. Então perguntei: Continuará a bater se chamarmos os vizinhos para que também escutem? A resposta afirmativa foi alta."
"Desse modo, foram chamados vários vizinhos, os quais, por sua vez, convocaram outros, de maneira que, mais tarde e nos dias subseqüentes, o número de curiosos era enorme. Naquela noite compareceram o Sr. Redfield, o Sr. e a Sra. Duesler e os casais Hyde e Jewell."
"Mr. Duesler fez muitas perguntas e obteve as respostas. Em seguida indiquei vários vizinhos nos quais pude pensar, e perguntei se havia sido morto por algum deles, mas não obtive resposta. Após isso, Mr. Duesler fez perguntas e obteve as respostas. Perguntou: Foi assassinado? Resposta afirmativa. Seu assassino pode ser levado ao tribunal? Nenhuma resposta. Pode ser punido pela lei? Nenhuma resposta. A seguir disse: Se seu assassino não pode ser punido pela lei, dê sinais. As batidas foram ouvidas claramente. Pelo mesmo processo Mr. Duesler verificou que ele tinha sido assassinado no quarto do leste, há cinco anos passados, e que o assassínio fora cometido à meia noite de um terça-feira, por Mr......; que fora morto com um golpe de faca de açougueiro na garganta; que o corpo havia sido enterrado; tinha passado pela despensa, descido a escada e [sido] enterrado a dez pés abaixo do solo. Também foi constatado que o móvel fora dinheiro."
"Qual a quantia: cem dólares? Nenhuma resposta. Duzentos? Trezentos? etc. Quando mencionou quinhentos dólares as batidas confirmaram."
"Foram chamados muitos dos vizinhos que estavam pescando no ribeirão. Estes ouviram as mesma perguntas e respostas. Alguns permaneceram em casa naquela noite. Eu e as meninas saímos. Meu marido ficou toda a noite com Mr. Redfield. No sábado seguinte a casa ficou superlotada. Durante o dia não se ouviram os sons, mas ao anoitecer recomeçaram. Diziam que mais de trezentas pessoas achavam-se presentes. No domingo os ruídos foram ouvidos o dia inteiro por todos quantos se achavam em casa."

Fonte: Wikpedia



COMENTÁRIO DO AUTOR DESTE BLOG


Os fenômenos de Hydesville não são necessariamente o gérmem do espiritismo, haja vista nesta mesma época na Europa, abundarem tais fenômenos, encarados em sua maioria de maneira frívola por seus admiradores e dando ensejo aos prestidigitadores e charatães da época. O fato é que tais fenômenos se deram por todo mundo e evidenciados em locais mais desenvolvidos onde havia a imprensa escrita e liberdade de expressão.

PROVIDÊNCIA DIVINA
Através dos estudos que fazemos constantemente sobre o espiritismo podemos observar que em tudo há uma ação planejada do plano espiritual superior deste orbe. Os fenômenos tinham um objetivo muito mais profundo que supunha a vã frivolidade dos admiradores; tinham por finalidade mostrar aos homens que inteligências extra-físicas os conduziam e que tais manifestações iriam dar origem a mais nova, clara e fantástica doutrina a ser apresentada aos homens sobre as verdades espirituais. Quem observou tais fenômenos não poderia imaginar o que estava para acontecer na segunda metade do século XIX: o surgimento do cristianismo redivivo.

Fernando Costa