sábado, 25 de julho de 2009

O RACISMO DE KARDEC



Infelizmente encontramos nas obras elaboradas por Kardec menção sobre raças, que segundo a percepção do codificador seriam "raças inferiores" e primitivas, o que de certo discordamos de imediato por pensarmos que não há raças inferiores humanas em comparação umas às outras e que raças primitivas entendemos como sendo etnias indígenas de determinadas regiões de nosso planeta ainda não civilizadas, mas que são humanos plenamente capazes. Parece que os preceitos pregados pela revolução francesa de igualdade, liberdade e fraternidade não incluíam as raças originárias dos continentes colonizados pelos europeus e Kardec ainda nutria sentimentos sobre a superioridade da raça adâmica (descendentes diretos de Adão), que estaria retratada na raça caucásica europeia; isso fica bem claro na sua teoria "Raça Adâmica" em o livro A Gênese. Devemos esclarecer que as idéias retratadas por Kardec em suas obras, embora houvesse grande divulguação em sua época, não sejam de origem plenamente arianas - teoria que retrata a existência de um subgrupo étnico indo-europeu que deu origem a ocupação do velho continente, desde a sua origem na Índia há cerca de 3000 A.C - idéia esta difundida durante o séc. XIX com muitos defensores. Posteriormente a teoria da raça ariana foi defendida pela teoria Nazi, que alegava a existência de uma raça indo-europeia pura, jamais miscigenada a outras raças.
Infelizmente Kardec faz distinção entre as etnias europeias, tidas por ele como civilizadas e superiores, e as etnias de outros continentes consideradas por ele inferiores. Kardec defendia a idéia de que chineses seriam inferiores a europeus e que os povos das américas e áfrica seriam mais atrasados ainda, que estes últimos jamais em sua constituição fisiológica alcançariam o desenvolvimento intelectual de um europeu caucasiano; idéia esta inconcebível em nossos dias.
Devemos salientar que essas idéias pertencem a Kardec e não dos espíritos que revelaram a doutrina. As comunicações dos espíritos publicadas nas obras não fazem distinção sobre a capacidade dos homens encarnados neste mundo, para os espíritos todos somos seres em aperfeiçoamento e desenvolvimento moral, portanto o preconceito fica a cargo do codificador da obra. E nós como espíritas devemos discordar totalmente da visão ultrapassada de Kardec sobre este tema.
Fica bem claro a idéia de segregação racial por parte de kardec nas seguintes passagens dispostas nas obras espíritas, nos seguintes livros a saber: A Gênese, edição 76-FEB cap XI pág. 221-32 e pág. 227-39; Revista Espírita de Abril de 1862 pág. 97 no artigo " Frenologia Espiritualista e Espírita - perfectibilidade da raça negra"; Livro dos Espíritos, edição 76-FEB cap V pág. 148 e 149,onde faz menção ao hotentote (etnia negra remanescente da região sudoeste da África atualmente encontrada em pequeno número na Namíbia); Obras Póstumas, 27 edição-FEB "Teoria da Beleza", em destaque a conclusão na pág. 168; O Que é o Espiritismo, edição 37 cap. III pág. 206 e 207.
Infelizmente os espíritas devem admitir o racismo de Kardec e pedir perdão à sociedade pelo engano cometido, o passo seguinte é corrigirmos este disparate através de obras que contradigam a opinião do codificador narradas por espíritos dignos e equilibrados.
O que diria Kardec se visse Barack Obama como o presidente da nação mais poderosa do mundo?


Fernando Costa